30 março 2010

“The Help”, um fenômeno editorial

Lendo sobre lançamentos literários, achei este muito interessante não só pelo tema como pela história da escritora. Falo do livro “The Help”,  todo mundo está falando desse livro Kathryn Stockett. Trata-se do primeiro romance da autora de 40 anos, que narra o sofrimento dos empregados domésticos negros em Jackson, Mississipi, na década de 60. Publicado em fevereiro de 2009, o livro decolou como um míssil, arrastando além de aplausos, alguma polêmica e muito debate. Stockett, que também nasceu em Jackson, conheceu o calvário do mercado editorial, tendo passado por mais de 40 editores até sua obra ser publicada e ter, em menos de um ano, vendido mais de um 1,8 milhão de exemplares. Mas, baseado em grande parte da critica literária americana, “The Help” não é só um fenômeno comercial, mas também um excepcional livro.  “The Help” é baseado em três mulheres com perfis de grande apelo popular, mesmo que o leitor esteja a milhas de distância da questão racial. Abileen, é uma empregada doméstica de origem “afro-american” (AA), inteligente, esperta, cuja vida se resume em cuidar bovinamente de crianças brancas, mas que após perder seu único filho passa a ver horizontes diferentes, principalmente quando ao fundo deles estão seus patrões. Já Minny, melhor amiga de Abileen, é outra doméstica também AA que não poucas vezes bate de frente com seus empregadores. É baixinha, gordinha, impertinente, linguaruda, e vive com a família em constantes privações financeiras. A personagem branca das três é Skeeter. Tem 22 anos e acaba de retornar para casa depois de se formar na Universidade de Mississipi. Com o fogo da juventude a espalhar brasas por todos os lados, ela percebe que sua antiga camareira (Constantine) desapareceu. Longe de aceitar com naturalidade o fato e as distâncias raciais gritantes da década de 60, Skeeter resolve escrever um livro sobre as experiências boas e ruins do trabalho negro (doméstico) para patrões brancos, e mais, convence Abileen e Minny a ajudá-la. Como se vê pura pólvora, já que o Mississipi foi, e ainda é embora bem menos, um caldeirão em constante ebulição quando o assunto são as relações interraciais. Talvez também por isso, por mexer em feridas longe de estar cicatrizadas na sociedade americana, o livro é um sucesso. A utilização do dialeto negro no livro, por exemplo, é uma das trilhas que deixa claro as raízes da autora.

As raízes de Stockett, que é casada e tem dois filhos, não deixam dúvidas sobre a enorme entrega da autora para desenvolver o livro. Graduada em Creative Writing pela Universidade do Alabama, a escritora logo se mudou para Nova York, mas nunca deixou o “oxigênio” do sudeste norte-americano, repleto de etnias e matizes raciais (26% da população do Alabama é composta de afro-americanos). O livro deve ser lançado em língua portuguesa em setembro de 2010, pela editora lusa Saída de Emergência, e também deve ser adaptado para o cinema pelos estúdios Dreamworks. Esperamos que em breve chegue por aqui .


por  Kelly de Souza/cultura.updateordie.com

Nenhum comentário: