05 novembro 2009

Um requiém para FHC


Gilson Caroni

O texto do ex-presidente tucano, publicado em vários jornais no domingo, revela um erro de cálculo político sem precedentes. Contrariando seus aliados, que desejavam vê-lo distante da campanha do PSDB para presidente em 2010, FHC trouxe para o próximo pleito a comparação entre as políticas de seu governo e as do governo Lula: a única polarização que a direita não queria. Imaginando-se um estrategista, virou um fardo pesado para as possíveis candidaturas de José Serra e de Aécio Neves.

Por Gilson Caroni Filho

As palavras são as armas. E foi acreditando em sua capacidade de manejá-las com destreza que Fernando Henrique Cardoso tentou atacar o presidente Lula em seu artigo publicado no jornal O Globo, do último domingo. Em sua vaidade desmedida, imaginava-se escrevendo um texto inaugural, um manifesto histórico capaz de desvendar a cena política, retirando a oposição do estado letárgico em que se encontra. O efeito foi exatamente o contrário.O texto mal escrito, sem sentido em muitos parágrafos, revela um erro de cálculo político sem precedentes. Contrariando seus aliados, que desejavam vê-lo distante da campanha do PSDB para presidente em 2010, FHC trouxe para o próximo pleito a comparação entre a política econômica do governo e a da gestão petista: a única polarização que a direita não queria. Imaginando-se um estrategista, virou um fardo pesado para as possíveis candidaturas de José Serra e de Aécio Neves. Triste para o prestigiado sociólogo, deplorável para o experiente político.

Comparações são ociosas, mesmo porque cada polemista tem o seu tempo na história. Mas não é de hoje que o sonho do“"príncipe dos sociólogos" é ser um Carlos Lacerda redivivo. Vê a si próprio como um panfletário versátil e demolidor, capaz de usar as palavras como metralhadoras giratórias nas mãos de um guerrilheiro. O problema é que seu estilo é tosco e seus escritos ininteligíveis. Não é capaz de açular os medos da classe média, mesmo usando os velhos ingredientes que vão da ameaça de uma república sindicalista a um quadro incontrolável de corrupção. Não aprendeu que, sem o apoio das bases sociais que o acompanham, seu suposto prestígio pessoal conta pouco.

Para criar condições de instabilidade superestrutural não bastam editoriais, artigos e noticiários de jornalistas de direita. É preciso que as classes dominantes se encontrem excepcionalmente reunidas em torno de um só objetivo. Para isso, do outro lado, tem que haver um governo fragilizado, com escassa base de apoio, incapaz de promover crescimento econômico com redistribuição de renda. Reeditar uma“"Marcha da Família com Deus, pela liberdade" não é o troféu fácil que o voluntarismo pedante imagina.

Quando escreve que "é possível escolher ao acaso os exemplos de "pequenos assassinatos". Por que fazer o Congresso engolir, sem tempo para respirar, uma mudança na legislação do petróleo mal explicada, mal-ajambrada? Mudança que nem sequer pode ser apresentada como uma bandeira "nacionalista", pois, se o sistema atual, de concessões, fosse "entreguista", deveria ter sido banido, e não foi. Apenas se juntou a ele o sistema de partilha, sujeito a três ou quatro instâncias político-burocráticas para dificultar a vida dos empresários e cevar os facilitadores de negócios na máquina pública", seu objetivo é tão claro como raso.

É uma volta ao passado como farsa. Aos tempos em que os nacionalistas lutavam por uma solução independente para extração e refino do petróleo, de importância estratégica para o desenvolvimento do país, enquanto os entreguistas definiam-se abertamente pela exploração do produto pelo capital estrangeiro. Claro que estamos tratando de realidades distintas no tempo e no espaço, mas a motivação da direita é idêntica. E é a ela que a inspiração de FHC se dirige, inebriado como se cavalgasse uma fulgurante carreira política. O desespero e o patético andam sempre de mãos juntas. Ainda mais se lembramos "quem cevou os facilitadores de negócios na máquina pública" no período que vai de 1994 a 2002.

Criticando o que chama de "autoritarismo popular", o candidato a polemista prossegue: "Devastados os partidos, se Dilma ganhar as eleições sobrará um subperonismo (o lulismo) contagiando os dóceis fragmentos partidários, uma burocracia sindical aninhada no Estado e, como base do bloco de poder, a força dos fundos de pensão. Estes são "estrelas novas". Surgiram no firmamento, mudaram de trajetória e nossos vorazes, mas ingênuos capitalistas recebem deles o abraço da morte. Com uma ajudinha do BNDES, então, tudo fica perfeito: temos a aliança entre o Estado, os sindicatos, os fundos de pensão e os felizardos de grandes empresas que a eles se associam."

A recorrência aos riscos de uma república sindicalista mostra a linhagem golpista do artigo de FHC, mas a falta de prudência, indispensável para quem pensa estar escrevendo um novo Manifesto dos Coronéis, leva a indagações. O autoritarismo de mercado, marca do seu mandato, é exemplo de democracia? A era da ligeireza econômica, da irresponsabilidade estatal ante a economia fortalecia as instituições do Estado Democrático de Direito? Ou não seria exatamente o oposto? Um bloco de poder composto pelo agronegócio, grandes corporações midiáticas e uma burguesia desde sempre associada, que privilegiava a ampliação crescente das margens de lucro, ignorando os custos sociais que isso implicava. Qual a autoridade política do ex-presidente para interpelar o atual?

O que foi seu governo senão uma tentativa desastrosa de adaptar o aparelho de Estado às exigências criadas pelo neoliberalismo, contendo, a todo custo, as reivindicações dos trabalhadores do campo e da cidade? No final, com uma impopularidade recorde, a superestrutura política entrou em crise e os aliados contemplaram a rota de afastamento. É a isso que FHC nos convida a voltar?

Outra observação interessante pode ser extraída desse trecho: "Por que tanto ruído e tanta ingerência governamental numa companhia (a Vale) que, se não é totalmente privada, possui capital misto regido pelo estatuto das empresas privadas?". Aqui, o lacerdista frustrado ultrapassou qualquer limite da sensatez. Abriu o flanco, ao permitir a inversão da pergunta que faz.

Como destacaram, em 1997, Cid Benjamim e Ricardo Bueno, no "Dossiê da Vale do Rio Doce", "o Brasil levou 54 anos para construir e amadurecer esse gigantesco complexo produtivo. O governo FHC pretende vendê-lo, recebendo no leilão uma quantia que corresponderá, mais ou menos a um mês de juros da dívida interna". Em maio daquele ano, a Vale foi vendida pelo governo federal por R$ 3,3 bilhões. Em 2007, seu valor de mercado estava em torno de R$103 bilhões. Em nenhum outro período a máquina estatal foi usada para transferir recursos públicos para o capital privado como nos dois governos do tucanato. Foi a esse continuísmo que a população deu um basta em outubro de 2002.

O que se pode depreender das linhas escritas pelo tucano que queria ser corvo? FHC se especializou na arte do embarque em canoas onde o lugar do náufrago está antecipadamente destinado ao canoeiro de ocasião. Julgava estar redigindo um artigo que funcionaria como divisor de águas. Mas afundou junto com ele. Escreveu o seu próprio réquiem, levando junto velhos próceres do PSDB. Um trabalho e tanto. Extremamente apropriado para leitura no dia 2 de novembro.

Colaboração enviada por Gilson Caroni Filho, sociólogo e professor titular de sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro.

Texto publicado originalmente "Agência Carta Maior".

Adiada votação da PEC que restabelece exigência de diploma para jornalista


Os deputados da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) adiaram mais uma vez a votação da Proposta de Emenda à Constituição 386/09, conhecida como PEC dos Jornalistas. A proposição prevê a volta da obrigatoriedade do diploma em jornalismo para o exercício da profissão. A PEC 386/09, do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), estabelece a necessidade de curso superior de jornalismo para o exercício da profissão. Há quatro meses, o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a obrigatoriedade do diploma. Um dos argumentos que fundamentaram a decisão foi o de que legislar sobre o assunto seria uma tentativa de restrição da liberdade de expressão, prevista na Constituição.

O relator da PEC, deputado Maurício Rands (PT-PE), lembrou que o Parágrafo 1º da proposta prevê que nenhuma lei poderá conter dispositivo que possa configurar embaraço plena liberdade de informação jornalística, o que garantiria a previsão constitucional de liberdade de expressão.

Agência Brasil

"Cada Um É Responsável pelo que Cativou, Não Suporto Falsidade e Mentira, a VERDADE Pode Machucar, mas É SEMPRE Mais DIGNA. Bom Mesmo É Ir a Luta com DETERMINSÇÃO, Abraçar a VIDA e VIVER Com PAIXÃO. Perder com Classe e Vencer com OUSADIA, pois o Triunfo Pertence a Quem SE ATREVE e a VIDA É MUITO para Ser Insignificante. Eu Faço e Abuso da FELICIDADE e Não Desisto dos Meus Sonhos. O Mundo Está nas MÃOS DAQUELES que TEM CORAGEM de Sonhar CORRER o RISCO de VIVER SEUS SONHOS."
Coragem..Coragem..Coragem é não Buscar Desculpas para ser Feliz !!!!!!!!!

Charles Chaplin

04 novembro 2009


SILÊNCIO

Meu silêncio...pra ouvir minha respiração solta, quando me ponho a pensar, porque tanta Mentira...Dissimulação, porque? E aí no rádio, naquela estação toca "Você me iludiu, me enganou e me"...Impressionada eu fico e a cada dia que percebo mais coisas e coisas mais, pessoas que se aproximam e que tudo é tão mais com você?!!. E aí percebo que pessoas são capazes de coisas inacreditáveis como se nada mais houvesse em se tratando de danos. Menos pela cicatriz deixada, uma ferida mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre se perderá no momento em que cessar a dor.
Poetas mortos, livros abertos, alma a vagar, liberdade, razão, tudo a me invadir nesta vida, neste tempo onde estou a divagar e a tentar compreender, amor, paixão, sentir, viver...Estrada da vida, sonhos interrompidos, desejos contidos, decepções, vaidades, Mentiras, enganos, palavras, declarações falsas e no peito uma dor...
Por mais que eu me afaste, me perca no meu silenciar, ninguém ainda poderá me impedir, de escrever e sonhar, semear o amor em cada coração que na minha vida passar... Almofadas estão no chão espalhadas, perfume de flores, incenso de jasmim a queimar onde ouço ainda canções de amor... E parece que a cabeça está cheia de vinho, misturada entre lembranças e paixões,decepções...Olhar distante, a luz entre a porta, vejo miragem ...Abro a janela de minha história, observo um moço ainda jovem de mochila nas costas, em pleno sol de meio dia a vagar nas calçadas da cidade...Vejo uma criança no jardim da praça a brincar de amarelinha...
Folhas mortas no chão, poeira de terra vermelha pelo vento se vão, e na verdade tudo me parece tão igual...Mesmo que a realidade de hoje seja toda ela mostrada em cores e a gente encontre formas diferentes de conversar...afinal, eu só escrevo rabiscos, revejo a minha e outras histórias no meu pequeno caderno com idéias, vejo cenas engraçadas e tristes de uma vida que por vezes pode ter sido por mim ou por você vivida...E ao recolher tantos papéis no chão espalhados, mentalmente vejo a imagem sublime de um anjo encantador a me observar, um passaro lá fora a cantar e a me abraçar, quebrando assim o meu silêncio... É hora de voltar a vida presente, na boca ainda o gosto saboroso do vinho e do beijos que dei...Bem como poderá ser amanhã só desejo que tudo nunca seja tão igual como agora...E mesmo assim, não esqueço e nem esquecerei os momentos, juras e continuarei a ser verdadeira, para
com todos aqueles que estiverem....