02 março 2010

Governo pode adotar dois sistemas de rádio digital para o Brasil

O governo federal poderá adotar os dois modelos em avaliação como padrões de rádio digital, apesar do país estar fazendo testes comparativos entre o americano, conhecido como In-band on-channel (Iboc), e o europeu, o Digital Radio Mondiale (DRM. Diferentemente do que ocorreu com a TV digital - em que o modo japonês foi o único escolhido -, os dois modelos de rádio digital poderiam coexistir com viabilidade econômica, embora comercialmente um deva se sobrepor ao outro. Politicamente, a saída agradaria tanto às emissoras que já investiram no modelo Iboc, quanto aos partidários do modelo DRM, que é livre de royalties. Para tomar esta decisão, o Ministério das Comunicações avalia a publicação de uma portaria com parâmetros que não restrinjam o mercado a um só modelo. O ministro Hélio Costa quer resolver a questão antes de deixar o governo, até o fim de março.

O único fabricante americano do Iboc, que já fornece sistemas digitais a emissoras brasileiras, é o consórcio Ibiquity, que cobra royalties pelo uso. Algumas das 4,5 mil emissoras comerciais de AM e FM já adquiriram equipamentos para migrar do modelo analógico para o digital. A principal vantagem do Ibiquity é a certeza das emissoras em digitalizar-se mantendo o mesmo canal (número no dial). Mas governo e empresas têm restrições quanto aos royalties cobrados. Um grupo de técnicos e universidades ainda mantém os estudos do modelo DRM. Se os testes provarem que o modelo europeu também permitirá que as rádios mantenham os canais de transmissão - questão pétrea para as emissoras -, então a discussão comercial esquentará, porque o modelo europeu não cobra royalties. O problema, porém, seria que as empresas que compraram o Ibiquity já gastaram, em média, R$ 150 mil pelos equipamentos, e, portanto, preferem o modelo americano. Nos testes já encerrados, o Ibiquity teve problemas de eficácia em ondas médias (AM) e curtas (OC e OT). Para FM, são perfeitos.

Pode não ser viável economicamente, contudo, produzir receptores de rádio que aceitem os dois modelos, Ibiquity e DRM. Por isso pode haver segregação entre os aparelhos receptores AM/FM e os específicos para ondas curtas.
No caso das ondas curtas, o DRM já provou ser mais vantajoso, com grande ganho de qualidade de som e livre das frequentes interferências na banda. A aceitação pelo governo dos dois modelos poderia permitir que essas emissoras de OC e OT transmitissem em sistema diferente das AM/FM. Daí a possibilidade de coexistirem ambos os modelos de rádio digital no país. A hipótese não é absurda, haja vista que existe hoje, no Brasil, 1,5 aparelho receptor de rádio por pessoa e que as ondas curtas têm um mercado bastante específico.

Como o sistema de rádio digital é, em termos gerais, mais barato que o da TV digital - em que foi definido o padrão japonês -, a possibilidade de haver mais de um modelo não restringiria o potencial econômico para ambos os sistemas conviverem. No caso da TV, a multiplicidade de modelos reduziria perspectivas de crescimento e exportação de infraestrutura e aparelhos receptores para países vizinhos.

Antes férrea defensora do Ibiquity, a Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) espera o encerramento dos testes do DRM para apresentar sua posição final. "A única posição em que a associação é irredutível sobre a rádio digital hoje é a previsão de as emissoras manterem o mesmo canal de transmissão", diz Luis Roberto Antonik, diretor-geral da Abert. "Defendemos essa ideologia e não necessariamente um padrão".

Pela rádio digital, o usuário poderá ter, além de maior qualidade de som, serviços agregados, como a possibilidade de ouvir podcasts, interagir na programação e receber imagens e informações no visor do aparelho.

Fonte: Valor Econômico

Pesquisa traz dados sobre Educação Integral


"Estudo aponta que 1,1 milhão de alunos estudam em escolas públicas com jornada ampliada. Em 39% das redes, experiência é recente." Apesar de o número de alunos atendidos pela educação integral no País ainda ser relativamente baixo, a ampliação da jornada escolar nas redes públicas mostra avanços significativos. Foi o que revelou a pesquisa “Educação Integral/Educação Integrada e Tempo Integral: Concepções, Práticas na Educação Brasileira”, encomendada pelo Ministério da Educação (MEC), divulgada nessa semana.
Das 500 redes públicas que responderam ao questionário e confirmaram a oferta da Educação integral, 39% realizam a experiência a menos de um ano. Para Leandro Fialho, da diretoria de educação integral do MEC, o avanço se deve ao programa Mais Educação (empregado em 2008 e ampliado em 2009) que “criou um movimento de discussão nacional da educação integral”.

O questionário desenvolvido por universidades federais de Brasília, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro foi respondido por 2.112 do total de 5.564 municípios brasileiros; número considerado relevante por Fialho. Segundo ele, haverá uma segunda etapa qualitativa da pesquisa, cujos resultados deverão ser divulgados até o final do ano.

O estudo indica que a implantação da Educação integral no País ainda se dá de forma bastante desigual. Enquanto 37% das redes da Região Sudeste que responderam à pesquisa já ampliaram a jornada escolar, o número foi de apenas 3% no Norte do país. Mesmo com números significativos de municípios que responderam ao questionário da pesquisa, Pará, Acre, Rondônia e Roraima não relataram a implantação da experiência.

Lendro Fialho afirma que estados nos quais a população é predominantemente rural têm maior dificuldade de aderir à Educação integral. “Os problemas da Educação regular no campo, como o pequeno número de alunos por escola, se acentuam com a ampliação da jornada”.

Na avaliação de Maria do Carmo Brant de Carvalho, Carminha, superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), o Mais Educação de fato conseguiu ampliar o debate sobre a Educação integral, que para ela estava completamente esquecido.

Apesar do otimismo em relação às recentes iniciativas do MEC na área, a superintendente do Cenpec considera muito pequenos os números detectados pela pesquisa. ”Há muita fragilidade e superficialidade na introdução da Educação integral no Brasil.. Não basta aumentar o tempo da jornada escolar se não houver uma proposta de educação integral coerente”, reitera Carminha.

As redes que participaram da pesquisa declaram que 76,4% das experiências de ampliação da jornada escolar estão integradas ao Projeto Pedagógico das escolas. Embora considere positivo as redes já terem incorporado o discurso da integração, ela desconfia que isso ocorra. “É preciso que haja uma intencionalidade pedagógica muito clara. Se as ‘atividades extracurriculares’ não conversarem com as disciplina formais, não é educação integral”, alerta.

Mais informações:
Leia a íntegra da pesquisa “Educação Integral/Educação Integrada e Tempo Integral: Concepções, Práticas na Educação Brasileira” aqui.

455 anos - Parabéns Rio de Janeiro


Foto: ww.lingalog.net 
RIO, DE CORAÇÃO
Quando te olho, Rio, esqueço-me de quem sou
E admiro tua paisagem forte,
De pesos e nuances tantas
Que o fôlego adquire um ar de nobre.
E esses teus mares, montanhas e céu invejáveis,
Tua Baixada e tua Zona Sul,
De tropeços tão únicos,
Que fazem de ti a desarmoniosa escultura
De um palco alvissareiro e elegante,
Que se estampa nas prateleiras
E esconde teus quintais.
Quando te olho, Rio, orgulho-me de tua acolhida.
E dentro deste peito uma coisa cresce certa,
Tal qual um assombro de ternura e vaidade.
Quando denuncias, de braços abertos,
Que és casa de boa conduta, tomada em doce canção,
E percorro tuas Linhas, sejam Amarelas, Verdes ou Vermelhas,
Que trazem aos visitantes a realidade das favelas.
Estas mesmas que decoram teus morros
E que, à noite, transformam-se em aquarelas luminosas.
E lá, do outro lado, por onde escorrem as Serras,
Não escondes as maravilhas que a ti pertencem

Quando te olho, Rio, retrocedo em muitas infâncias
E enriqueço-me com tuas glórias e louvores
Que traçaram muitos rumos escutando teus lamentos
De Zona Oeste e Zona Norte, que complementam o labirinto
De onde muitos desconhecem valores ímpares
Da carioquice resguardada em velados preconceitos

De sua ruas, travessas, avenidas e estradas
Lagoas, riachos, florestas e toda a gente carioca
E nasce a pergunta que explode em tantos gritos:
"Quem pode te olhar com desdém,
Quando dois braços abertos
São os convites à elegância de tuas formas?"
Quando te olho, Rio, esqueço-me de quem sou...  
Autora: Márcia Ribeiro