Triste vida corporal
Se houvesse o eterno instante e a ave
ficasse em cada bater d'asas para sempre,
se cada som de flauta, sussurro de samambaia,
mover, sopro e sombra das menores cousas
não fossem a intuito da morte,
salsa que se parte... Os grilos devorados
não fossem, no riso da relva, a mesma certeza
de que o leve a nossa carne e triste a nossa vida
corporal, faríamos do sonho e do amor
nãoo apenas esta renda serena de espera,
mas um sol sobre dunas e limpo mar, imóvel,
alto, completo, eterno,
e não o pranto humano.
Se houvesse o eterno instante e a ave
ficasse em cada bater d'asas para sempre,
se cada som de flauta, sussurro de samambaia,
mover, sopro e sombra das menores cousas
não fossem a intuito da morte,
salsa que se parte... Os grilos devorados
não fossem, no riso da relva, a mesma certeza
de que o leve a nossa carne e triste a nossa vida
corporal, faríamos do sonho e do amor
nãoo apenas esta renda serena de espera,
mas um sol sobre dunas e limpo mar, imóvel,
alto, completo, eterno,
e não o pranto humano.
Alberto da Costa e Silva
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