16 julho 2010

Presente passado


Vida que vai
vida que vem:
o balanço do berço.

Vida que vai
vida que vem.
Nos dedos-vão, sangrando,
escorregando os hiatos
entre o piscar do balançar.

E passa o passado,
o gostinho de pão.
Passa o passado
e um burro empacando,
um tiro triscando...

E passa a mão
na lágrima que cai,
do olho torto derramando.

Passa a roupa de missa
e um trem
levando jornal,
um recado de boca-a-boca
pras vidas opacas, ocas.

Ah, vida que vai
vida que vem.
E passa o passado,
uma garrafa vazia.
Um dia só de dia,
um cigarro apagado.

E passado,
o passado passa.

Vida que vem:
poema.
Presente
dum só, que por uma hora,
não irá desta vez.
                                                                      Edilson José

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