26 abril 2010

Pecado Original


A humanidade é essencialmente díspar em suas características. Cada criatura possui facilidades e dificuldades que lhe são inerentes. A educação e o meio ambiente exercem influência no comportamento humano. Mas certas tendências são inexplicáveis, no contexto de uma única existência. Dentro do mesmo núcleo familiar, há marcantes diferenças de moralidade e equilíbrio entre irmãos. Algumas crianças, desde a mais tenra idade, demonstram boa índole. Equilibradas e serenas, aceitam com tranqüilidade a disciplina e a orientação dos pais. Já outras trazem a marca da rebeldia. Instáveis e difíceis, por vezes até cruéis, constituem um desafio para a paciência dos familiares. A realidade é que os espíritos encarnam infinitas vezes, em seu caminhar para a perfeição. Cada qual é herdeiro de si próprio. Ao reencarnar, o espírito traz consigo o que adquiriu em suas precedentes existências. Essa é a razão pela qual os homens mostram pendores bons ou maus, que neles parecem inatos. Virtudes e vícios não são obras do acaso. Eles constituem o resultado de opções feitas no passado. Quem se esforçou para burilar o próprio intelecto, hoje possui avantajada inteligência. Aquele que gastou tempo aprimorando a sensibilidade artística dispõe atualmente de facilidade no campo das artes. Já a criatura que se permitiu malbaratar os tesouros da vida ressente-se de sua falta. O ser que elegeu o vício no passado tem-no presente em seu íntimo. Os maus pendores naturais são resquícios de imperfeições das quais o espírito ainda não se despojou.  Eis o verdadeiro pecado original. As leis humanas, embora ainda falíveis e injustas, repelem a idéia de penalizar um homem pelo que outro fez. Como Deus é soberanamente justo e bom, é incoerente imaginar que ele responsabilize uns pelas faltas de outros. Cada qual se debate com a herança que providenciou para si. Luz ou sombra, facilidades ou dificuldades, o que hoje se vive é resultado do que se fez no pretérito. Não adianta culpar ninguém pelas dificuldades atuais. Em geral, a recordação das vidas passadas não é possível ou desejável. Mas as tendências atuais evidenciam os pontos carentes de correção, na economia da alma. O ontem é passado e não pode ser modificado. Mas hoje estão sendo lançadas as bases do futuro. Este é o momento de refletir maduramente sobre o amanhã que virá, e adotar medidas para que ele seja luminoso. Ninguém fará o trabalho que lhe compete. A nobreza de caráter, a inteligência, a pureza, nada disso pode ser improvisado. Se você deseja ser pacífico e bondoso, precisa criar o hábito de ser assim. Diariamente você é confrontado com situações que exigem um posicionamento. Compete exclusivamente a você optar por ser digno ou indigno, corajoso ou covarde, generoso ou mesquinho. Mas saiba que está diariamente lançando as sementes de seu futuro.

Pense nisso.
 

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