Vens breve como a brisa quase sempre à flor do tempo. Ficas-me no entanto indelevelmente à flor da pele... como pétala de Outono num gesto de adeus! Luiza Caetano
07 fevereiro 2010
Admirar e garimpar as minas do coração humano, eis a nossa Vocação! ( Adaptado)
Uma das coisas que mais fascina é a capacidade admirável de Deus nos amar. Apesar de tantas atribuições que caracterizam o Amor no dia a dia, mas me importante, a admiração. Ora o Amor de Deus nos admira, com seu olhar nos acompanha, nos modifica através do amor. Quando você admira, você mira, e assim consegue ver muito além… É isso que Deus em seu grande amor nos faz. Nos admira porque nos vê além do que somos, do que deixamos de fazer. Por isso muitos amigos já não se entendem, muitos Casais e Namorados e mesmo muitas Famílias já não sabem mais como cultivar o Amor em suas relações, porque esqueceram-se de se admirar e de se olharem. O máximo que olhares abarcam são as aparências, o egoísmo, a arrogancia, os limites, as dificuldades.
Há uma beleza insondável no oficio do garimpeiro que nos permite entender o motivo da admiração nos emprestar um jeito diferente de Amar. A nossa vocação por ser fundada no Amor precisa se semelhante a de um garimpeiro. “Precisamos ser garimpeiros… das minas do coração humano”. E só podemos exercer tamanha grandiosidade quando tivermos a capacidade de admirar, e mirar além…
A admiração é uma ferramenta indispensável, pois ela empresta ao garimpeiro a coragem e a persistência. Ali no garimpo, ele rasga a dureza do chão em busca da pedra preciosa. Por vezes as mãos se ferem na busca, e a dor só se torna suportável porque há a esperança do encontro. Cada movimento é resultado de sua admiração. Cada gesto se torna admirável por ser fruto de sua habilidosa coragem de ver além das aparências dos cascalhos. Alias, só é admirável porque “COR + AGEM” é aquela força que age e brota do coração - (Cor, cordis = coração. Agem = força, agir). Ele admira e trabalha a mina à sua frente a partir da ótica do coração. Interessante e que singular movimento é o de Deus diante da Nós.
Para chegar à pedra rara, o garimpeiro terá seus dedos feridos pelas pedras comuns, mesmo que se utilize de outros instrumentos do garimpo. Não obstante, chega um momento em que ele precisa ignorar tais instrumentos e valer tão somente de suas mãos, pois a missão do seu oficio requer cuidados especiais. Assim também é a mão admirável do Amor de Deus que nos acompanha e nos ensina como garimpar os corações humanos. Ou a mina do coração humano. O garimpeiro não se prende ao medo dos ferimentos, mas investe constantemente em movimentos de procura. Mete a unha no chão, peneira os excessos, remexe a lama, até que os seus olhos encontrem o brilho opaco da diferença.
E com a descoberta, o sorriso, a força, a luta renasce, restaura e faz esquecer a dor que marcou o tempo da procura. O Amor que admira sobrevive dessas buscas. Não nos esqueçamos que a nossa missão é vocação também. É bom por os olhos no que esperamos. É bom admirar aos que amamos. É bom também garimpar a mina do coração daqueles que encontramos. Aliás, penso que essa é de fato a nossa vocação. Um sorriso, uma acolhida, um abraço, um perdão, uma palavra de amor, um gesto de amizade, são terrenos fecundos para se cultivar esta vocação. Toda a mina tem pedras preciosas guardadas esperando pelo nosso oficio de garimpeiros. Que o Amor de Deus, nos ajude admirar e nos ensine a garimpar quantas minas Ele nos permitir encontrar.
( Jerônimo Lauricio)
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